sábado, 7 de novembro de 2015

Os problemas da "pré-nacionalidade"

Há uns tempos disse-me que - antes de ir para a barriga da mãe - tinha sido "uma pedra chamada Benedita num país em que se fala Espanhol e que não é Espanha". Agora, mudou um pouco essa sua 'versão dos factos'.

Como ela ainda fala meio "Bebezês" em algumas (poucas) palavras, sempre que detectamos alguma 'calinada', corrigimos. Por exemplo, a palavra buscar ela pronuncia fuscar. Ela lá corrige e diz buscar, mas logo a seguir justifica-se:

"Sabes, Pai, eu digo fuscar porque antes de ir para a barriga da Mãe eu só falava Italiano."

domingo, 18 de outubro de 2015

Os perigos do malabarismo


Estava a atirar a esponja do banho de uma mão para a outra.






- Olha, Pai, eu a fazer labalarismo!
- La-ba-quê, Balu?
- La-ba-la-ris-mo!
- Não quererás dizer ma-la-ba-ris-mo?...
- Isso! Eu é que não sei dizer bem porque era de outro país antes de estar na barriga da Mãe.
- O quê?! Explica-me lá isso, se fazes favor...
- Eu estava num outro país antes de estar na barriga da Mãe. Um país onde se fala Espanhol.
- Um país onde se fala Espanhol...? Espanha?
- Não! Espanha, não! Outro!
- Uma outra incarnação... na América Latina?
- Hã?...
- Deixa... Mas diz-me lá. Então como é que tu te chamavas lá nesse país?
- Ainda me chamava Benedita.
- Ah! te chamavas Benedita! E que idade é que tinhas?
- Ainda não tinha nenhuma idade, ó Pai! Foi antes de eu nascer!
- Mas tu dizes que existias!... Quem é que tu eras? Como é que eras? Alta, baixa, criança, crescida? Tinhas cabelo aos caracóis como tens agora?
- Não! Estava só camuflada nesse país em que se fala Espanhol!
- Camuflada?! Atrás ou debaixo de alguma coisa?
- Não. Estava camuflada numa pedra.
- Camuflada numa... Tu eras uma pedra?!
- Sim!
- Uma pedra chamada Benedita num país em que se fala Espanhol e que não é Espanha?!
- Sim! Depois fui para a barriga da Mãe.



sábado, 8 de agosto de 2015

6 Anos



Esta é a primeira foto que tenho tua. Foi tirada uns minutos depois de nasceres, há exactamente 6 anos. Ficaste linda nela! O teu sorriso largo e a tua gargalhada rasgada, pateta e sincera não são evidentes nesta imagem, mas estão lá. Os teus olhos escuros que falam ainda mais do que a tua boca (o que é uma proeza impressionante!) também não ficaram bem focados. As tuas mãos tão trôpegas quanto capazes da maior sensibilidade e dos maiores feitos artísticos - ainda bem que nisso sais à Mãe! - também não ficaram bem enquadradas. E como é uma foto não é possível ver o quanto (muito!) te mexes, seja com a maior das graciosidades ou com a maior das palermices.

Mas esta imagem mostra bem quem és. E os passos certos que de certeza darás na vida, que é isso que importa.

A cada um... cá estarei.
Cá estaremos. Juntos. 

sexta-feira, 31 de julho de 2015

Obrigado


Há coisas que só se dizem ou escrevem de peito aberto e coração nas mãos.

Uma dessas coisas é... Obrigado.

Hoje - particularmente hoje - sou uma pessoa extremamente agradecida.
Aliás, somos.
Toda a família.

Ao fim de cinco anos e meio, a Benedita terminou o seu percurso na instituição onde, a 22 de Fevereiro de 2009, entrou no berçário e, a 31 de Julho de 2015, saiu do Pré-Escolar como “finalista”, rumo ao Ensino Básico, que há-de começar em Setembro.

Foram cinco anos e meio de aprendizagem, crescimento, respeito, carinho e muito amor, que sentimos da parte de lá e tentámos, do lado de cá, retribuir na mesma proporção e o melhor que pudemos.

Haveria milhares de coisas a dizer dos bons momentos que nos encheram a alma e dos menos bons momentos que superámos sempre, juntos: ela e nós (pais e instituição).

Temos, ao fim destes cinco anos e meio, a certeza de que a Benedita foi mais que uma simples criança/aluna da instituição e de que nós - pais - fomos mais do que simples encarregados de educação. E sentimos grande orgulho por assim ter sido.

Também nós - este casal de pais-em-permanente-aprendizagem-de-tudo-sobre-ser-pais pela primeira vez - terminámos hoje - até prova em contrário - o nosso percurso na instituição onde entrámos ainda como meros futuros pais e saímos acima de tudo como amigos.

Haveria dezenas de pessoas a quem agradecer publicamente… Guida, Lídia, Ana, Rodrigo, Andreia, Dores, Lena, Dora, Vi, Helena, Madalena, Lina, Rita, Paula, Natacha, David, Fátima, Zé… tanta, tanta gente… e Ana Paula.



Quando hoje fui buscar a Benedita ao CCPRM pela última vez disseram-me várias vezes «Muito Obrigada!»

Mas… NÓS é que agradecemos! Tudo e Por Tudo!


Do fundo do coração. Este, que temos aqui nas mãos e voltamos a colocar muito mais rico e feliz no peito ainda aberto.

Obrigado.

quinta-feira, 16 de julho de 2015

Um dia vou descobrir que prato é esse...

Agora que já interpreta bem o que ouve, faz os possíveis para reproduzir toda a informação que vai recebendo. Na maioria das vezes corre muito bem. Mas nem sempre.

Há dias - consequência de uma ida à praia com os outros miúdos da escola,
provavelmente depois de uma picada de um bicharoco - detectámos-lhe várias "babas" na pele e a mãe foi com ela ao médico. Era um caso de urticária, nada de preocupante, prontamente combatido com medicação e com alguns (poucos) cuidados alimentares decretados pelo médico, e que ela própria fez questão de me enumerar:

"Pai, para ficar boa só tenho de tomar os remédios e não posso comer doces nem 'frango *de* porco'..."

domingo, 5 de julho de 2015

"Radiografias"


Puasa a box da televisão.
Põe o papel sobre o ecrã.
Decalca as linhas.
Depois faz os "detalhes", como lhes chama (olhos, boca, roupas, etc.)
Está a fazer "radiografias".





segunda-feira, 18 de maio de 2015

Uma "Guerra de Amor" com várias "Batalhas de Gós'Tí's"

Eu e a minha filha temos "Batalhas de Gós'Tí's" que, de tão intensas, normalmente acabam com um de nós (quase sempre, ela) farto/a que o outro o massacre com muito parvos gritos de "Gós'Tíííííí!!!!" proferidos pela casa, à espera de retribuição à altura (e volume de som).

No fundo, são várias "batalhas" que compõem o todo de uma "guerra" bem maior: a do Amor.

Esta tarde, uma vez mais já fartinha de "Gós'Tíííííí!!!!" para cá e "Gós'Tíííííí!!!!" para lá, ela disse-me: "Pai!!! Não quero que me digas mais isso!" Ao que eu repliquei, só pelo prazer de a encalacrar: "O quê?! Para sempre?! Não posso dizer que gosto de ti nunca mais?!?"

Ela parou um pouquinho e pensou. Depois respondeu: "Não, Pai!!! Eu queria dizer para tu só não dizeres mais vezes agora, porque já tenho dores de cabeça por ela estar tão cheia de Gós'Tí's! [Faz uma pausa... e volta ao assunto.] É claro que eu quero que me digas Gós'Tí para o resto da tua vida."




quarta-feira, 29 de abril de 2015

"Maria das Dores"

Presumo ter feito uma distensão muscular nas costas e estou muito "descadeirado". Informei a minha filha disso, para que ela não desatasse a correr e me obrigasse a correr (sem poder) atrás dela. Preocupada com o meu bem-estar, há pouco ela disse-me:

"Pai, vou falar baixinho para a tua dor nas costas não ficar com dor de cabeça!"

quinta-feira, 16 de abril de 2015

Entretanto, na casa-de-banho...

Entretanto, na casa-de-banho...

- Pai, quando é que eu posso começar a sair?
- Desculpa?!... Sair?!...
- Sim, Pai! Quando é que eu posso começar a sair sozinha?




- Desculpa, Balu... Vou só aqui sentar-me um bocadinho e respirar fundo... - sentando-me pesadamente no tampo da sanita, com um ar - reconheço agora - de homem muito mais velho do que aquilo que efectivamente sou.
- Então, Pai? Quando é que eu posso sair sozinha?
- Queres explicar-me isso um bocadinho melhor...?
- Sim, Pai! Quando é que eu posso sair do banho sozinha, sem a tua ajuda! - disse ela ainda na banheira, à espera que eu lhe estendesse os braços para a tirar de lá, secar e ajudar a vestir.

Por uns segundos senti, pela primeira vez, o que um pai de uma teenager deve sentir...

terça-feira, 7 de abril de 2015

Sobre "Uptown Funk", de Mark Ronson e Bruno Mars

[Agora, que gosta de utilizar palavras "caras" por tudo e por nada, faz questão de mostrar que as utiliza nos contextos certos e da forma mais correcta. Então, no carro, vai daí...]

«Pai! Põe o rádio mais alto!
Porque APESAR de ser de crescidos... eu gosto dessa música!»


sábado, 14 de março de 2015

Lógicas da BUtata #2 - As Estrelas

As estrelas estão a seguir o nosso carro! Ah! Já sei porquê! As estrelas são atraídas pelo escuro e por isso é que estão no céu à noite. E estão a seguir o nosso carro porque ele também é escuro como o céu está e vão connosco durante o caminho. Só não podem ir connosco para casa porque lá não vai estar escuro.

Lógicas da BUtata #1

- Pai, eu acho que os senhores da Alemanha onde tu nasceste devem ter saudades tuas. Já não estás lá há tanto tempo!
- Ah, sim? Um dia vamos lá todos juntos, para matar saudades.
- Sim! Vamos todos para os senhores da Alemanha saberem que tu já tens uma filha!